A verdade é que, no fundo, não gosto de desabafos. Eles sempre me deixam à vontade para fazer o que eu não faria se as mensagens ricocheteassem dentro da minha cabeça, se eu não as tivesse deixado sair de mim.
Mas isso tudo me soa muito calculista e mínimo, para ser sincera. Mesmo calada eu sonho em ser a doce e velha menina de antes. Que acreditava nos felizes para sempre, no papai noel e no coelhinho da páscoa.
Sonhos inocentes, coração bom. Tenho pensamentos profanos, pincéis eternamente índigos e uma vez por semana tento chamar seu nome em forma de gemido, de um jeito que soe bonito. Eu só não quero me tornar dura.
Quando eu deveria ter medo e não tenho, quando eu deveria gritar e não grito por puro auto-controle: é disso que mais tenho nojo em mim. Penso que as mulheres deveriam ser românticas. Deveriam assumir o que lhes foi herdado de direito, sendo musas e vitórias. Quando somos assim, amamos de verdade e somos fortes.
Mas tudo que eu quero agora é não me tornar uma mulher fria de calculista. Que aflore sentimentos bons e enlouquecedores.
Acho que o amor é uma coisa parte que eu sou pequena demais para carregar embora seja ele que produza toda a agonia e todo o êxtase que eu sinto por você.
"Nenhum outro vai saber dos sons que se formam e
o porquê de você sorrir com a mesma palavra que
faz o outro chorar. A gente vive pra ser secreta,
transposição e transbordamento, além da risca de
giz no nosso próprio telhado que goteja e inunda o
quarto trancado. E tudo isso vai morrer em segredo."