segunda-feira, 18 de julho de 2011

Exatidões ímpares

Sexta- feira. Quase meia noite. Eu já estava pensando em desligar o computador porque não aparecia nada de interessante quando vejo sua janelinha subindo, com aquela mesma foto antiga, com aquele mesmo plano de fundo que você tem desde que nos conhecemos. Eu não ousaria te chamar se você não estivesse escutando aquela nossa música.
Sei que foi irônico dizer "quanto tempo" se a segundos atrás eu pensava nele e na falta que andou me fazendo. Conversamos sobre o cabelo dele, sobre estudos, sobre a vida "nova" dele. Ele falou sobre o meu blog, sobre como eu tinha amadurecido e por fim falou sobre a gente. Sabe quando as suas mãos começam a transpirar e aquele atordoamento começa a nascer no seu estômago? Então essa era a minha situação. Quis escorregar para outro assunto e foi assim que chegamos naquele "ponto morto" da conversa que se estivéssemos frente a frente eu sentiria nossas respirações se entrelaçarem. Até que ele quebrou o silêncio com a palavra saudade. Enquanto ele jurava ter saudades de nós dois, de nossa história eu jurava não acreditar mais nisso, porque havia percebido que algo entre nós dois estava errado.
Todas as vezes que te vi, nesses últimos doze meses, eu sempre me apaixonei por você. Eu sempre estive pronta pra começar algo, sempre estive apta para te apresentar como meu. Você sempre ignorou esse fato, seguindo seu caminho que sempre é interrompido pelo vazio da sua camiseta de rock pesado. Eu nunca vou entender porque a gente continua voltando pra casa querendo ser de alguém, ainda que esse alguém não seja o alguém certo para nós. Nunca vou entender porque sempre estivemos tão próximos, que você é exatamente aquilo que eu quero e eu sou exatamente o que você quer, mais ainda sim as nossas exatidões insistem em nos deixar na casa dos ímpares.
Eu fui apenas uma de suas meninas, e ele foi o meu primeiro e único cara que conhecia todos os meus segredos.  Minha inocência sempre o agradou e sua malícia sempre me enganou. No fundo, eu ainda conseguia me lembrar das vezes que ele dizia que me amava e que queria me ver de algum jeito, das milhares de ligações perdidas no meio da madrugada que eu não quis atender, mais se eu quisesse de verdade me vingar dele teria que passar um corretivo nisso tudo, como se fosse uma maquiagem. E começar do zero, com algumas manchinhas cobertas. Precisava me manter firme. A verdade é que ele sempre me amoleceu, sempre arrancou um pouquinho de mim para ele e eu me pus a deixar transparecer no final de uma frase que se ele batesse em minha porta novamente eu o deixaria entrar. Obviamente isso estragou tudo.
Alguns minutos depois dele não ter me respondido mais, vi que estava offline. A internet não deveria ter caído. Tenho certeza que deve ter saído em busca de suas "baladinhas", cheias de bebidinhas e meninas bonitinhas.
Eu só sei que agora eu vou tomar um banho, vou esfregar a bucha o mais forte possível na minha pele e vou me dizer pela milésima vez que essa foi a última vez que vou ficar sem entender nada. Mas aí, daqui uns dias, igual faz há uns doze meses, você vai me ligar, me pedindo desculpas e tentando consertar algum erro.
Dessa vez as coisas serão diferentes, eu posso ter demorado para perceber que “carinhas” como aquele, nunca são o que parecem ser.  Ali, com aquelas poucas palavras, ele parecia o cara ideal. Mas aqui e agora, ele nunca passou de um desconhecido vazio no meu coração.
Hoje eu entendo perfeitamente o porque fomos sempre tão errados em nossas exatidões!